quarta-feira, 30 de setembro de 2009

VmpraKzaQaGnTtárrumando

Casa Aberta em ex-posição

A casa recebeu uma visita
que tem em vista uma reforma da casa

por essa via
sai gente sai cachorro sai horta saem coisas

quem causa?
tempo de estar lá essa semana.
essa semana
essa semana

fica o som da palavra "última"
8135-5201

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Como piratas e enfermos - de rugas e hormônios, das máscaras em nós (.5)

"Como é que a cura pode provocar esse abjeto desejo de ser amado, esse desejo histérico e choramingão que nos faz ajoelhar, deitar no divã, ficar quietos e esperar?"

Certa vez, disseram a um pirata que se um nômade possui um hábitat, só pode ser o deserto. A que deserto estariam se referindo, afinal? Àquele noturno, de frio extremo? Àquele diurno, de calor avassalador? Àquele que faz do corpo ali imergido infindáveis léguas de vazio? Àquele em que o silêncio inexiste? Àquele que faz da fome um sintoma secundário frente às convulsões desesperadas ou eufóricas de quem vê vastidão por todos os lados? Àquele que embrutece, ameniza, envelhece, precariza, rejuvenece, estigmatiza? Que não tem fronteiras e torna muito tênues os limites entre a densidade e a sutileza? O deserto, agora, presente em cada passo... a cada passo, um deserto. Sob o asfalto está a vida.

Há ainda quem se assusta diante daqueles que desmantelam as contruções imaginárias da distância num esforço voltado para encurtar as metragens. Piratas enfermos não querem ser adultos, tampouco querem ter de arcar com os papéis pré-construídos da juventude. São velhos quando querem ou quase sem querer, já que as tragadas do mundo primeiramente os envelheceu, desgaste que não consiste em mera escolha, mas que simplesmente acontece no acordar compulsório de todos os dias. São jovens quando podem, uma vez que recuperar a vitalidade trucidada pelas escleroses rotineiras é algo que exige molejo e, mais ainda, potência canalizada. Uma juventude incapaz de tornar qualquer demanda perigosa é, a seu ver, completamente desnecessária, está morta. Pensar papéis revolucionários específicos para classes, idades, sexos? Mesmo que tudo já seja produto e circule em velocidades inimagináveis? Se o jovem de hoje é consumidor de primeira linha, cliente fiel que já não diferencia anseios fantasiosos de roncares de barriga? Na lógica do trabalho e do consumo isso não faz a mínima diferença.

São dilemas que apenas atestam algo já evidente: conosco e entre nós, um deserto ávido devorando, a todo momento, mediador e consistência de vida e morte em organismos frágeis, mas nem sempre tão frágeis. Como crises ambulantes, enfermos são, em muito e como muitos, também deserto.

Quem são os que miram o horizonte e perguntam o que a “molecada de hoje” tem feito para gerar novas perspectivas? Por sua resposta sempre contar quantos tostões foram gastos, entendamos a arapuca em que se resume a pergunta. Pode-se sugerir que respostas estejam por trás do tom irônico das gerações falidas. Velhos não suportam o fato de que a molecada herdou deles o espírito resignado necessário à sobrevivência pacífica, o mofo contido nas suas exigências passadas, e agora somente confirma que “algo venceu”. Ora, quem dita as regras dessa guerra silenciosa e cheia de negociatas tão distantes de nós? A criança está na creche e o velho foi trabalhar. Tudo na normalidade. Diante de nossas más caras, algo cheira a podre. Por trás de nossas máscaras, NÓS SOMOS VOCÊ!

domingo, 30 de agosto de 2009

Como piratas e enfermos - entre ideólogos e andarilhos, um abismo (.4)

"A minha causa não é nem o divino nem o humano, não é o verdadeiro, o bom, o justo, o livre, o cultural, o artístico, o moral, etc, mas exclusivamente o que é meu. E esta não é uma causa universal, mas sim... única, tal como eu."


Após tanta fraude e impostura, é reconfortante estar onde está um enfermo. Ele ao menos não engana aos outros nem a si próprio: seus princípios, se é que os têm, são encarnados; não gosta do trabalho e demonstra-o; como nada deseja possuir, cultiva o seu despojamento, condição de sua “liberdade”. O seu pensamento resolve-se no seu ser, e o seu ser no seu pensamento, a soma de suas relações. Falta-lhe tudo, é ele próprio, dura: viver imediatamente a eternidade é viver em um só dia. Por isso, para ele, os outros são presa da ilusão, mas de uma ilusão que contudo não é sua. Se depende deles, vinga-se observando-os, atento e conhecedor que é quanto ao reverso dos sentimentos ditos “nobres”. Piratas têm o olho furado, mas enxergam como corujas com o olho que lhes resta. Com os olhos que lhes restam, é melhor dizer. Enquanto muitos dormem, enfermos têm insônia, vale lembrar. A sua preguiça, de qualidade muito rara, faz de um pirata enfermo um ser fortemente “liberto”, perdido num mundo de gente tola e iludida. Vive a renúncia para além de qualquer obra esotérica (leia-se filosófica) que se valha. Para que vocês confirmem isso, basta saírem à rua. Mas não! Preferem os textos que falam sobre as ruas ou que pregam as enfermidades. Como nenhuma conseqüência prática acompanha as suas libertações, podemos dizer que o último dos seres errantes que ainda exista decerto faça algo mais do que vocês. Insurjem-se contra a generalização dos misticismos ocos, contra aqueles que, escorados numa doutrina que não emana do fundo da prática vivida ela mesma, ostentam a sua pretensa “salvação”. Desmascará-los, fazê-los descer do pedestal a que se alçaram, eis uma campanha à qual ninguém deveria ficar indiferente. Porque é preciso, a todo preço, impedir de viver e morrer em paz aqueles que têm a consciência excessivamente tranqüila.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Somos Sudakas II


Esta iniciativa pretende gerar espaços de reflexão crítica ante os processos de integração latino-americana e as políticas de desintegração; a fim de expor as sensações pessoais e coletivas, re-significando assim, as identidades e os sensos de pertencimento e resistência dos países latino-americanos.

Antecedentes:

Estes encontros surgiram em Bogotá Colômbia, orientados pelo Colectivo Red-acción. Após levaram essa iniciativa para La Paz Bolívia (outubro de 2008), na Assembléia Permanente de Direitos Humanos. Esse coletivo, em parceria com a Casa Aberta (SP), abriu um primeiro espaço de discussão: “Somos Sudakas I” em 12 de junho de 2009.

Convite:

Convidamos tod@s @s interesa@s para expressarem suas sensações e sua “latinoamericanidade” através da presença, de escritos, poesias, ensaios, desenhos, filmes, documentos e documentários, comida, música, dança, performance, instalações, instrumentos, e qualquer expressão que queira interagir.

Programação:
Domingo 30 de agosto

10h: Desayuno
• Construção do mural: “Nuestro norte es el sur”
• Atividade: “Tecer uma nova suramérica”
• Jogos do mundo

12h: Almoço com filmes

15h: Charlas!! Debate-papo
• Impunidade, direitos humanos e restauração social na A. Latina
Hector Guerra Hernández (Chile)
• Trabalho livre e trabalho escravo na A. Latina
Carlos de Alameida Toledo (Brasil)
• Intervencionismo, integração, movimientos sociais e resistência.
Ximena Rivera Bryón (Colômbia) (Casa Aberta e Red-acción)

A noitinha: Sarau Sudaka
Todos nos!!!!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Como piratas e enfermos - essa crise que perambula (.3)

“As flores nascem e morrem
O vento traz borboletas ou neve
A pedra nem percebe ”


Que crise é esta em cujas projeções nos querem insistentemente fazer crer mediante o terror de que estamos prestes a perder tudo? Piratas enfermos são a própria crise instaurada se disseminando de rincão a rincão. Inquietudes enterradas a fundo na subjetividade. Bancarrotas globais e vírus assombrosos. Aquela paranóia imprescindível que aponta e faz estardalhaço, grita que temos coisas a perder. Piratas enfermos, persistimos num lema que reconhecemos ser bastante frágil: a crença infalível no que os dias proclamam é igual à resignação diante da opacidade dos discursos vitoriosos. Que as batatas se caiam aos que anseiam pela vitória. Piratas enfermos não perdem nada, uma vez que não pleiteiam as vitórias. Dizem que a crise é um fantasma que entretanto se faz efetivar, tem sua materialidade nos dias. Têm da crise a vaga impressão de que, mais uma vez, estão sendo alvo de um embuste. Fábulas rasas. Por serem eles próprios esta crise, voluntariamente se corrompem e declaram crise ao que não floresce. De uma vez por todas, piratas deixam de lado a autoperfeição e perseguem a decadência, ao contrário do que prometem os fundamentos obtusos das hierarquias. A decadência segue abaixo – ou a qualquer sentido. Só se pode ressurgir após o desastre? Tirar forças da crise? A crise já é a força, não tem semblante e está em nós. Quando o “mundo” assume extensões inalcançáveis, é seu, desses renegados débeis que vagam, o mundo que se reduz em perspectiva. Viver crises situadas fora de cada qual compele a ser tão-somente sobrevivente entediado como parte da vida sucateada que a maré moderna concede. Para enfermos, não acreditar em nada consiste em se pôr frente a frente consigo e ver se o que se apresenta pode realmente não ter rosto e, sem uma causa plausível, sentir.

À pergunta de como foi seu dia hoje, replicam com ênfase nas nuances: como tem sido tua vida justo agora?

Não há mágica que banque isso.

domingo, 23 de agosto de 2009

Como piratas e enfermos - uma enfermidade: ganas de pulsar (.2)

São enfermos, pois herdeiros de um pressuposto cultural que aos poucos se esfarrapa e revida suas dissidências com os recursos do isolamento, da doença, das promessas, dos tiros e cassetetes, dos ferros quentes e das felicidades pré-fabricadas. Enfermos pois desencantados. Enfermos, portanto perigosos. Enfermos pois por demais pacíficos. Enfermos pois desejantes. Enfermos pois conspiradores de tragédias mórbidas em antros festivos sem muitos limites. Enfermos pois ansiosos por algo mais substancial que a morbidez mesma. Enfermos pois promíscuos, nem homem nem mulher nem feminino nem masculino. Enfermos pois esteticamente desajustados. Enfermos pois acordam e se alimentam em horas ou ocasiões pouco esperadas, de uma maneira um tanto “esquisita”. Enfermos por estarem aborrecidos. Enfermos por verem algo mais numa casa caída, morta e desvivida. Enfermos pois escolhem tirar os pés da história quando da urgência disso. Enfermos por não portarem convicção histórica. Enfermos pois todo tipo de convicção histórica exala o cheiro podre das ideologias. Enfermos por encontrarem também na solidão um estímulo de riqueza comparável às coletividades construídas. Enfermos por viverem a coletividade sem um compromisso lógico para isso. Enfermos por viverem a coletividade com fluidez e dela extraírem motivações e experiências profundamente festivas. Enfermos pois escolhem o momento para conspirar e a hora de declarar o conflito. Enfermos pois fazem de cada festividade uma possível orgia que grita a todos os cantos. Enfermos por não terem lugar e viverem, por conta disso, o incômodo e a suavidade de todo ser nômade. Enfermos por fundarem, a partir de um não-lugar qualquer, o não-centro de seus murmúrios secretos, de suas declarações perante o mundo, de suas modorras proclamadas, de seus escapes ociosos, de seu esforço braçal, de suas inspirações vitais. Enfermos por não se pretenderem de modo algum à organização imediata e demandarem, antes de tudo, por algo que seja orgânico e capaz de trocar irrestritamente com os universos que os circundam. Por não se pretenderem aos pontos grandes e invisíveis. Por partirem sobretudo do que é seu agora. Enfermos pois não é preciso que haja problemas em se estar satisfeito com nada. Por terem como causa a causa de nada, e ainda assim se moverem desvairados por qualquer quebrada ou em prol de qualquer coisa, sem um “aonde” ou um “o quê” muito impenetrável. Por incorporarem a mutabilidade incontornável das coisas, como o organismo vivo que muda para estar vivo, que quer viver e vive mudando, inevitavelmente. Pois se apaixonam odiosamente e não há paradoxo qualquer nisso. Pois se apaixonar pode consistir em se sentir profundamente só ou em conviver em profundidade com tudo mais. Pois seus corpos se respiram e a pele é rasa. Pois não têm de estar definitivamente de acordo, hoje, com nada do que disseram ontem. Pois se perguntam onde está o “ontem” senão penetrado em seus corpos. Enfermos porque o oceano é de pedra, o movimento é labiríntico. Porque seus portos são abrigos de organismos transitantes. Porque seus abrigos são organismos transitantes através de um mar revolto de metal e cimento. Pois o mar é, por si só, uma loucura identitária afogada num turbilhão macro-paranóico. Enfermos pois sua “doença” é paranóica, tal como as bases mesmas dessa modernidade falida devem ser a cadeia de paranóias que são. Enfermos pois sabem que o moderno chega rápido e, num sopro, atropela tudo, travestido de campos de concentração ou objetos de luxo, trabalho ou entretenimento. Estranhos que são em cada lugar, em cada trincheira, em cada linha-de-fogo. Piratas pirateiam e trocam, já acordam com essa “doença” impregnada. “Doentes”, “perversos”, “criminosos sociais”, "apaixonados" – pois assim acusa a maré verticalizada e febril do asfalto e do concreto, do ferro e do fogo, do poder hierárquico e do trabalho assalariado que, por igual, valem no máximo sobreviver. Pois deve-se ser suficientemente amoral para decolar os pés do chão, para escolher em que momento fundar e demolir suas utopias, para ser declaradamente utópico e delirante assim que convir.

O que há de mais doentio nisso tudo, se os dedos que apontam e definem (como supostas autoridades) a anomalia estão distantes e não têm tempo de se olhar a si próprios? Se piratas não são nem desejam ser especialistas de patologias demasiado humanas e modernas? Piratas enfermos são “loucos” e especialistas em nada. Enfermos pois enfermidades não comportam “porquês” definitivos e isso pode tornar louco a qualquer um.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Há tempos não falamos... como está tu?

Ó, nós por aqui vamos felizes de mais, (des)arrumando a casa que a cada semana passa por transformações de tempo, espaço, gente e energia!

Fim do mês tem festa com banda e tudo
Vai ter um dia de cenas e sopas
Essa semana é de fazeção de jogos.

Os entulhos encheram caçamba e esvaziou-se a calçada, exalando ares de sono às estrelas.

Tomamos café fora, numa porta-mesa sustentada em cavaletes perna-aberta. Banhos nos dias de sol. Pinturas nas noites frescas. Bruxaria no fogo de paus engravetados.

Os eternos projetos de forno, chuveiro e telhado continuam sem entrar no papel.

Se cavarmos mais fundo as pedrarias do quital, se surpresa não houver surpresa criaremos. Um túnel que dá num pote de ouro inútil, cuja única função é dar luz ao arco-íris nos nossos olhos embebecidos de poças que a mangueira cria no barro. chás cafés cachaças. assobios da áfrica. telhas empilhadas viram refúgio de caracóis engaiolados nas suas próprias casas protegidas.

É c'asa que voamos.

Eu acredito em fadas
e sibitos

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Como piratas e enfermos - despeitosos e delicados desejos (.1)


"- Eu não tenho que gerar um filho ou plantar uma árvore... mas seria bom, voltando para casa depois de um longo dia para alimentar o gato como Philip Marlowe, ter febre, dedos enegrecidos do jornal.
- Para ser animado, não só pela mente, mas por uma refeição.
- Até a linha do pescoço, por uma orelha.
- Para mentir.
- Com os dentes.
- Enquanto você estiver caminhando, para sentir os seus ossos se movendo.
- No passado, acho que ao invés de sempre saber.
- Para ser capaz de dizer: "Ah" e "Oh" e "Hey", em vez de: "sim e amém." - sim.
- Para ser capaz de entusiasmar com o mal, tirar todos os demônios dos passantes, e persegui-los para o mundo.
- Para ser um selvagem.
- Ou para sentir como é tirar os sapatos debaixo da mesa e contorcer seus dedos do pé, descalço, como aquele.
- Fique em paz.
- Deixe as coisas acontecerem.
- Mantenha sério.
- Nós só podemos ser selvagens na medida em que continuamos a sério.
- Não faça mais do que olhar, agregar, testemunhar, preservar.
- Permanecer espírito, mantenha a distância, mantenha sua palavra.
(...)
- É muito bom viver apenas pelo espírito, para testemunhar, a cada dia, por toda a eternidade, só o lado espiritual das pessoas. Mas às vezes fico cansado com a minha existência espiritual. Em vez de sempre pairando acima, eu gostaria de sentir que há algum peso sobre mim, para terminar a minha eternidade e me ligar à terra. A cada passo, cada rajada de vento, eu gostaria de poder dizer: 'Agora, hoje e agora', e não mais dizer: 'desde sempre' e 'para sempre'. Para sentar na cadeira vazia, na mesa de cartas e ser saudado, ainda que apenas por um aceno de cabeça."


(do longa-metragem Asas do Desejo)


Há quem passa e desaparece. Há quem passa-observa e toma para si. Há quem chuta a porta e quer morar. Há quem passa e dali faz morada. Há quem chega e dorme. Há quem acorda e descansa. Há quem pára e lamenta. Há quem se enche de preguiça e se permite sentir-se assim. Há quem grita para fora mas engole goela adentro. Piratas e doentes, circulam e fazem flerte com o dinamismo de coisas, perguntas que se casam com desejos indefinidos e muito pouco verdadeiros, enquanto cada lugar nunca se pretende o mesmo lugar, tempo e espaço não necessariamente convivem numa relação regular e estável. Pode-se dizer “pouco verdadeiros” por algo muito simples: esse tipo não busca digladiar-se com aqueles que classificam e autorizam verdades unânimes, que ainda escancaram seus dentes e declaram fogo aberto aos que se diluem, se fluem, se mudam, se tocam sem medo nem precauções exageradas, e transitam como se as perguntas não devessem ser problemas acabados, mas questões possíveis e pouco solúveis. Há quem se posiciona e escolhe o que é de fato briga sua e que treta já se perdeu por nunca ter se passado num ringue proveitoso. Enfermos em esquinas de quinas tortas. Inválidos por vontade própria. Vagos, vagabundos, desocupados, desencantados, fascinados, alucinados, feios, bonitos, vai saber quantas outras conceituações arbitrárias (e conceitos são por si só arbitrários, já se sabe) o vizinho, o milico, a doutora, a vovó, o capanga, o dono vão acabar por lhes imputar. A contradição de pernas abertas. A multipolaridade das coisas. As redes que tampouco existem, ou se fazem aparecer de vez em quando. Tão estranho dizer, mas demasiado doentes para terem lar. Piratas enfermos que são, param em portos, encontram os seus e trocam como possível. Caminham para ver se a inquietação passa ou para observar melhor, de um lugar melhor, cada aspecto, cada perspectiva, cada nada perfumado. Dói a alguns, a outros apraz, a outros não tem efeito qualquer (às vezes, nem muda coisa alguma). Não há lugar necessário, os portos são de passagem, mas neles fica quem quer, o quanto quiser, sempre que der. Ambulância... Nomadismo... Como nômades, ambulam, percorrem sem eixo, desbravam a inexplicabilidade própria de estar desperto e não se poder fazer muito quanto a isso. Fazer vazar, escorrer, sair por aí, sumindo e ressurgindo, deixando portos seguros mais seguros, levantando estruturas e reclamando vida (pois se trata de ser faminto por vida e não por mais e mais tralhas) diante das cantigas da sobrevivência. Não é parte de uma convicção, mas uma confirmação de vivências: só o presente pode ser total, em sua sucessão de agoras inigualável.

terça-feira, 28 de julho de 2009

sarau sarau


autodestruição, gozo, regurgito de. uma rede de (auto)reconhecimento mútuo que se rompe, os fluxos de caio fernando abreu invadindo esse texto
como não julgar. permitir-se a fragilidade, o desgosto por um si mesmo que nos é imposto garganta adentro a ponto de fazer parte de nosso peito
ou parecer que faz
a destruição da ilusão de falar em nome de todos, de que há uma tradição cultural e artística em contínua evolução, a ser constantemente superada
e superá-la é uma vitória do ego
o cânone e a fama são a ausência de eros na arte, ou o sequestro do eros que ela mobiliza
confusão de potência com poder, vida com reconhecimento, fragilidade com fraqueza
- Viva a fragilidade!
Viva

quando eu te encontro tudo parece outro
o instante, o tempo, o desejo
o mundo se torna outro
o mundo se torna


pensei que a saída da crise era ficar forte. ledo engano: a crise era a força

eu quero vender a porra do meu orgulho. alguém quer comprar?

“não cesse suas preces...”


sabado 1
a partir das 17h leitura do livro de glaucus.
pra repartir as poesias.
pra dar tchau pra um lindo.
traga sua vida.

cinema nomade


partilhando nossas vidas e nossas referencias.

Assistiremos aos filmes Os Mestres Loucos e Eu, um Negro, de Jean Rouch.
Sinopse
O cineasta e etnólogo Jean Rouch fez quase todos os seus 120 filmes na África, aonde chegou aos 24 anos como engenheiro de estradas. Rouch põe em xeque as noções de ficção e realidade. Sobre Eu, um Negro, rodado na Costa do Marfim, ele diria: Sabia que iríamos mais fundo na verdade se, em vez de termos atores, as pessoas interpretassem a própria vida. O filme segue um grupo de amigos que vive de biscates. Aceitando a proposta de Rouch, cada um imaginou ser um personagem, inventou uma história, encenou-a pela cidade e depois, assistindo às cenas captadas (sem som), recriou as falas que havia improvisado. O tempo não desfez em nada a força desse filme. Tampouco amenizou o impacto de Os Mestres Loucos, rodado em Gana. Num cruzamento desconcertante de religião, história e individualidade psíquica, o filme mostra uma seita cujos membros, em transe, personificam figuras do colonialismo inglês. No auge do ritual de possessão um animal é sacrificado e comido pelos "mestres loucos" - trabalhadores imigrantes que logo retomarão seu cotidiano sem mistério. São 26 minutos em que não despregamos os olhos da tela.
Ficha técnica
Título Original: Moir, un noir, FRA, 1958, Cor, 72 '/ Les maîtres fous, FRA, 1955, Cor, 26'
Como sempre, após a sessão haverá um debate sobre a obra, do ponto de vista do pensamento nômade.

A Escola Nômade de Filosofia é um movimento de pensamento livre, desvinculado de qualquer institucionalidade, seja de princípio racional, moral ou religioso. É um movimento que apreende o pensar como potência de acontecimento e criação, livre de qualquer fundação pela Forma.

esse evento é fruto de uma busca... consequencia de encontros que resultaram uma grande potencia de vida e morte.
os moradores da kasa tem o intuito de compartir a vida expor questoes trocar experiencias.
entre amores de lobo, exposiçoes a fragilidade, rompimento com a realidade, crises com a arte, e "coisas da vida" nos deparamos na presença de luiz fugant(gerador de potencia a partir da realidade-existencia. ou um filosofo) que em certo momento foi(esta sendo) de grande influencia na vida de alguns dos habitantes desse espaço nomade. esse bruxo é um louco da escola nomade. foi convidado a gerar fluxos na kasa. sugerio o cinema nomade. e acá estamos.
viva.

sexta 31
a partir das 20h
pça sto epifanio, 275, vila indiana.

escolanomade.org
okupaixaocasaberta.blogspot.com

terça-feira, 14 de julho de 2009

de BH para SP



domingo nove e meia...
a mais de um ano e meio um grupo de amigos que adora brincar de ativismo pira
em atravessar o cotidiano cinza da babilônia e propor uma okupaÇ@o(reapropriaÇao)
do espaÇo publico.
como eles dizem:
É uma fera ensandecida e indomável (encontro) mensal, anticapitalista, horizontal e autônomo. Vem criando um local de convívio, festividade e alegria nas ruas, fazendo possível a troca de experiências, informações, materiais, técnicas, bactérias (e olhares!)

esse encontro rola em Belo Horizonte todo primeiro domingo do mes em baixo do Viaduto Santa Tereza... e aq em SP estamos na onda de okupar a praça Elis Regina q ta passando por um momento de muita produtividade, principalmente por conta de um projeto megalomaniaco q vai sacar a praça pra atender demandas progrecistas(mais contreto, carro, destriçao.)

tudo isso ta sendo fruto da vivencia dos manas de BH na kasa... nesse caminho de tecer relaçoes... sabe

bom...
vai ser no dia 19 de julho
a partir das 9h30
começando com um pic-nic(leve rango pra partilhar!!!)
feira gratis(agente vai levar roupas e sapatos do bau de dadivas da kasa!)
musika livre(leve instrumentos!!)
jogos do mundo(aqueles mesmo!)
depois... quando tiver dando umas 13h30 vai rolar a transmiçao da radio varzea
com bate-papo sobre AI-5 digital, obrigatoriedade do diploma de jornalismo, radio livre, e a cena autonoma de BH.

meus amores, venham pirar!!

d9emeia.tk
okupaixaocasaberta.blogspot.com

quarta-feira, 8 de julho de 2009



autonomia e diversão

a casa aberta é extençao da praça - já que a rua nao é mais publica, mas dos carros.

A praça vem como espaço de convivência. de encontros. de troca na diversidade. e é nesse
espaço que vamos nos reunir para jogar.

o jogo como celebração. como ritual a cerca das relações. tendo a partilha e a convivência como base para relações mais sinceras e diretas, sem intermédio ou dependência de Estados ou de políticas pseudo-públicas .

a partir do momento em que nos abrimos para as pequenas relações deixamos de ser adversários, e voltamos a ser colaboradores.
retomada do espaço público como campo para os afetos.
para que todos espaços sejam, mais que públicos, livres.

a atividade na praça é fruto do encontro da proposta de jogos colaborativos de Ivan, representante da ALEA, e das práticas de moradia e vida livres da casa. essa primeira atividade é apenas um primeiro elo dessa parceria, que pretende construir, junto à comunidade local, um parquinho aberto com brinquedos e jogos na frente da ocupação, implantando no espaço físico da casa sua proposta de ser extenção da praça.

a ALEA é a sigla de associação de ludobus euro-amerindia, que tem por objetivo a recuperação dos espaços públicos e favorecer o encontro das pessoas e o intercambio inter-cultural através dos jogos dos 5 continentes.

jogos do mundo Na Praça Sto. Epifânio, 275

sábado, dia 11 de julho. a partir das 14 horas

Vila Indiana. próx à entrada Vila indiana da USP
e da casa do Norte na Corifeu

domingo, 7 de junho de 2009

Somos Sudacas

aqui estou eu, que nada mais sou do que tu
o espirito do todo aq nos transformamos a cada dia
pela simples razao de q presisamos juntos viver
e ser uma só coisa nessa transformação aq nos submetemos.
tu te confundes comigo pq es fruto de mim, e eu de ti
pq me transformas, e eu a ti.

SOMOS SUDACAS

"Este suelo tiene un nombre , desde el mar hata la sierra, como le cuento a mi gente, pais, lo que pasa en esta tierra, pero como le canto ami gente, pais, lo que pasa en esta tierra" PIERO

Quinientoas años atras, en la mente de aventureros conquistadores europeos ávidos de la belleza y la riqueza exuberante qie encontraron en tierras allende los mares, quizás el primer nombre para este suelo haya sido ORO, tanto que los nativos habitantes de este continente pensaron que los hombres barbudos comian oro, por eso los primeros hombres que acompañaron a Cortés, fueron sorprendicdos con mucho oro que el gobernante de TECNOCHTITLAN, despacho para ellos antes de que llegaran a la ciudad.

Como dar nome a este continente de riqueza desmesurada, de belleza exhuberante, que em quinhentos anos de depredacion y saqueo ainda no se agota, y sigue poblado de gente que todos los dias resiste desde la vida cotidiana. Y ahora que somos los habitantes de este suelo? indios, negros, guerrilleros, indigentes, subdearrollados, tercermundistas, mandingas ancestrales,latinos, "malditos sudacas"?; o segimos siendo "nasa kiwe" gente de la tierra, hijos del sol, guardianes de la pacha mama, herederos de un patrimonio milenario que cinco siglos de colonialismo y destrucción, no pudieron arrasar.

Agora o que somos? tango, drogas, frutas exoticas, futbol, rumba, charangos, cancion protesta, cafe, petroleo, reinas de belleza, tequila, terrorismo, dictaduras, masacres, GUERRA!!!. America, el pulmon del mundo, la despensa del futuro, el pedazo de territorio que ya se repartio entre los mas poderosos y fue la parte que le toco a los EUA. Gobiernos corruptos que por dinero venden la libertad y la autodeterminacion de nuestros pueblos, convirtiendolos poco apoco en territorios ajenos para su gente, negandoles a sus habitantes los frutos de la riqueza y el traqbajo en aras de los intereses del imperio gringo como ya sucedio con Puerto Rico, panamá, Ecuador.

uma busca por identidade, fuga da padronização coerciva do capitalismo.
nesse território de riquíssimas diferenças existe um ponto mortal em comum... almejamos nossa liberdade de ser de outro tempo, buscar um ritmo que nunca esteve e nunca estará nos tics do relógio, no dia de pagamento, nas 24h...
nosso ponto é que estamos contra o tempo do progresso.
aho!

12/06, sol cristalo amarelo.
a partir das 15h.
pça santo epifanio, 275.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Roda de Samba na okupaixão

Sambão na okupação!!!
nada como uma boa e vadia roda de samba...
é isso mesmo negada! dia 14 vai rolar uma roda na okupa pra encontrar os amigos,
tomar uma quente(ta frio né), bater um papo, beber um caldinho, e sambar... pq besta é tu de não viver esse mundo!

Domingão a partir das 12h!!!
traga instrumento!!!
vai rolar tambem um bazar-pague-oq-quiser!!
venda de caldinho e bebidas surpresa!

sábado, 30 de maio de 2009

sobre o aparecimeno do Dr. Abobrinha...

Na última quarta feira 13 apareceu em nossa residência um auto proclamado oficial de justiça que não desceu do carro, não apresentou nenhum documento oficial próprio ou sobre a informação que trazia de que, dentro de 5 a 15 dias a polícia apareceria para nos retirar do imóvel...

com tantas pulgas atrás da orelha, recorremos ao fórum para descobrir o que estava rolando.

depois de muita punhetagem e pouca informação mal colocada, finalmente conseguimos, quase que simultaneamente, a ajuda de dois advogados que se dispuseram a, com o processo em mãos, traduzir o advoguês para uma linguagem entendível por nós, meros mortais ocupantes...

o fato é que existe sim um processo para nos retirar da casa, mas este está muito mal feito, comprovando a especulação desesperada de nosso querido dr. Abobrinha... é um verdadeiro prato cheio de incoerências, do começo ao fim...

infelizmente, por uma questão estratégica, não divulgaremos aqui nossos próximos movimentos, mas temos esperança de ainda por lá continuar um bom tempo...

lembrando sempre que o que vale é o que está sendo feito agora, sem ontem nem amanhã...

tivemos também na última terça 26 a presença da Sra. abobrinha, ameaçando-nos com a célebre da novela das oito: "eu vou tirar vocês daí nem que seja a última coisa que eu faça na vida!!!"

(cricricri)

...

enfim, as atividades não param e agora mais que nunca todo dia é pra se okupar...

tememos agora qual será o próximo movimento do proprietário, pois pra quem já enviou capanga, falso oficial de justiça e a própria mulher pra roda, não sabemos o que está por vir...

quer ajudar? chegue em casa que a gente conversa...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pelos Camiños


Andar a busca, ou buscar a andança?
Nomadismo é fazer o caminho enquanto se o vive.
É o criar um mapa para se desfigurar o Mapa.
É o todo-lugar contra o lugar-nenhum.
É o aqui agora pelo Hoje.
E é também o tudo que há por vir.

Esta festa tem o intuito de levantar essa discussão.
Oque é e oque pode ser o Nomadismo.

Apareça e okupe-se.

domingo, 19 de abril de 2009



aqui vai rolar a partir das 14hs...

quem tiver culhão pra chegar no horário, poderá ter o prazer de participar de uma intervenção espontânea... o(s) filme(s) vai rodar a partir das 18hs e o debate logo na sequência...

filmes: Anuncie Aqui / ...e ... e ... e...

Pra quem ainda não entendeu, trata-se da primeira ação conjunta entre alguns espaços autônomos da Grande São Paulo que vêm se reunindo desde o fim do ano passado.

Neste primeiro ato, teremos um circuito de cinema de 5 dias cujo tema é produções independentes... cada espaço falará/mostrará algo q tenha mais a ver com seu dia-a-dia.

no site citado no cartaz e nos respectivos blogs dos espaços (linkados aqui ao lado) há a programação completa

bjundas

domingo, 1 de março de 2009

no ritmo... okupando!!!

Na nossa casa amor-perfeito é mato
E o teto estrelado também tem luar
A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar

A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar

A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar

A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
...
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continuamos pegando pesado na reforma, lembrando q qqr ajuda não parasitária é bem vinda
e q qqr material doado pode nos ajudar - e muito...
é só chegar...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

A GENTE TRABALHA MAS TAMBÉM SABE BRINCAR!!!

Próximo domingo, dia 01 de fevereiro, a partir das 8hs (é, da manhã mesmo...) vai rolar um mutirão com a proposta de reformar o máximo possível de acordo com nossos planejamentos permaculturais...

Porém, como ninguém é de ferro, iremos revezar brincando na rua, desde jogando taco, queimada e afins até fazendo campeonato de rolemã - qualquer idéia é bem vinda...

Portanto, quanto mais gente vier, mais gente pode brincar
(enquanto outros põem a mão na massa e vice versa)...

Já contamos com o apoio da galera da Malagueña Salerosa, do CICAS e do Ay Carmela, só falta vc espalhar por aí e trazer o povo pra brincar, mas também pra trabalhar...

Ah! vamos começar com um café da manhã caprichado pra gente aguentar o tranco, portanto qqr coisa q nos auxilie nesse sentido tb é bem vindo...

e aí? tu guenta ou bebe leite?

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P.S.: respondendo a perguntas...

tragam o q tiver de ferramentas:
martelo, enxada, serrote, garfo (aqueles pra juntar folha/arar terreno), furadeira, pá, pregos, parafusos, buchas, alicates e tb materiais de construção (restos tb servem): cimento, massa corrida, rejunte, tintas, escada, afins...

eeeenfim... tudo e qqr coisa q puder ser usada numa reforma... :D

contribuiçõe$ para comprar material tb são bem vindas, lembrando q vai ter
café da manhã e almoço freegans!!!

domingão tá aí, hein???

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Acontecerá nesta próxima quarta-feira, às 19hs, a jornada anti-carcerária com diversas atividades em solidariedade aos presos políticos chilenos. Segue ao lado a programação>
La revolución se hace aca y ahora compañeros!
abrazos libertários

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Jornada Anti-Carcerária



"o som das balas assassinas não ficaram em silêncio,
e a impunidade instaurada pelo esquecimento não teve eco."

Dia 14 de Janeiro, a partir das 19h

Casa (A)berta apresenta,

Debate sobre histórico combativo dos presos políticos chilenos
Recuperação de terras Mapuche
Dia do Jovem Combatente
Distúrbios do Onze de Setembro
MIR, Mapu Lautaro
Ditadura Pinochet

Exibição do filme ''Alguién dijo Anarquistas?'' Alguém Disse Anarquistas?


Entrada Gratuita, venda de comida vegana e materiais
(dinheiro revertido para organização pró presxs políticxs no Chile)


Mais informações:
http://presospoliticosexpropriadores.entodaspartes.net/
http://freddymarcelo.entodaspartes.net/
http://presxsalakalle.blogspot.com/