segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Como piratas e enfermos - essa crise que perambula (.3)

“As flores nascem e morrem
O vento traz borboletas ou neve
A pedra nem percebe ”


Que crise é esta em cujas projeções nos querem insistentemente fazer crer mediante o terror de que estamos prestes a perder tudo? Piratas enfermos são a própria crise instaurada se disseminando de rincão a rincão. Inquietudes enterradas a fundo na subjetividade. Bancarrotas globais e vírus assombrosos. Aquela paranóia imprescindível que aponta e faz estardalhaço, grita que temos coisas a perder. Piratas enfermos, persistimos num lema que reconhecemos ser bastante frágil: a crença infalível no que os dias proclamam é igual à resignação diante da opacidade dos discursos vitoriosos. Que as batatas se caiam aos que anseiam pela vitória. Piratas enfermos não perdem nada, uma vez que não pleiteiam as vitórias. Dizem que a crise é um fantasma que entretanto se faz efetivar, tem sua materialidade nos dias. Têm da crise a vaga impressão de que, mais uma vez, estão sendo alvo de um embuste. Fábulas rasas. Por serem eles próprios esta crise, voluntariamente se corrompem e declaram crise ao que não floresce. De uma vez por todas, piratas deixam de lado a autoperfeição e perseguem a decadência, ao contrário do que prometem os fundamentos obtusos das hierarquias. A decadência segue abaixo – ou a qualquer sentido. Só se pode ressurgir após o desastre? Tirar forças da crise? A crise já é a força, não tem semblante e está em nós. Quando o “mundo” assume extensões inalcançáveis, é seu, desses renegados débeis que vagam, o mundo que se reduz em perspectiva. Viver crises situadas fora de cada qual compele a ser tão-somente sobrevivente entediado como parte da vida sucateada que a maré moderna concede. Para enfermos, não acreditar em nada consiste em se pôr frente a frente consigo e ver se o que se apresenta pode realmente não ter rosto e, sem uma causa plausível, sentir.

À pergunta de como foi seu dia hoje, replicam com ênfase nas nuances: como tem sido tua vida justo agora?

Não há mágica que banque isso.

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